A novela Beleza Fatal, lançada pela Max é mais do que uma trama de vingança e redenção. Ambientada no universo da estética, ela serve como um retrato profundo e até crítico das estratégias de marketing e influência na era digital.
A narrativa traz à tona temas como branding pessoal, marketing de influência, publicidade enganosa e os bastidores do poder das marcas no setor da beleza. Um dos destaques nesse contexto é a personagem Júlia e sua relação com a marca fictícia Lolaland.
Júlia: a mente por trás do marketing em Beleza Fatal
Júlia é apresentada como uma jovem moderna, antenada e estrategista. Embora não seja nomeada explicitamente como “social media” no início, suas funções vão muito além do gerenciamento de redes: ela é responsável por posicionamento, análise de público, curadoria de imagem e gestão de crises. Ao longo da novela, percebemos que Júlia não apenas entende as métricas, mas também os bastidores emocionais e psicológicos que movem o consumo de produtos de beleza.
Ela se mostra uma personagem que estuda o comportamento das consumidoras, adapta campanhas com base em tendências emergentes (como o skincare consciente e o culto à “beleza natural”), e sabe usar gatilhos mentais de escassez, autoridade e pertencimento para criar campanhas virais.
Lolaland: a marca como personagem
A marca Lolaland, liderada pela vilã Lola, funciona quase como um personagem dentro da novela. É uma empresa de cosméticos e procedimentos estéticos que busca construir uma imagem de exclusividade e perfeição. Porém, ao longo da trama, revela-se que a beleza vendida por Lolaland é muitas vezes superficial e, por trás dos bastidores, há práticas antiéticas, como cirurgias ilegais e falsificação de componentes.
Essa dualidade entre o branding impecável da marca e seus métodos obscuros cria uma tensão constante. E é aí que o marketing ganha um papel central: como construir uma imagem perfeita mesmo sobre bases frágeis?
Júlia, inicialmente envolvida nas campanhas da Lolaland, começa a perceber que está vendendo algo perigoso — e esse conflito ético passa a ser um dos motores da personagem. Ela se torna uma espécie de whistleblower do marketing: começa a usar as mesmas ferramentas digitais para expor as falcatruas da empresa.
Influência, estética e storytelling
O uso de influenciadoras digitais dentro da trama é um acerto de roteiro: várias personagens fazem publis, vídeos, tutoriais e posts pagos — e há até críticas sutis ao uso excessivo de filtros, retoques e mentiras nas redes sociais. A estética idealizada, promovida pela Lolaland, começa a ser questionada por uma nova geração que preza pela transparência e pelo bem-estar, o que coloca a empresa em xeque e também reposiciona Júlia como uma profissional de marketing mais ética e humana.
Além disso, a novela faz bom uso do storytelling como técnica de marketing: tanto Júlia quanto outras personagens utilizam narrativas pessoais como estratégia de engajamento. Um exemplo é quando Sofia, a protagonista, começa a contar sua história nas redes, ganhando apoio popular e desbancando a imagem imaculada de Lola e da Lolaland.
Outros aspectos de marketing em Beleza Fatal
- Gestão de crise: a novela mostra reuniões táticas de contenção de danos quando algum escândalo ameaça a marca.
- Rebranding: há tentativas de reformular a imagem da Lolaland após denúncias, algo muito comum no mercado real.
- Publicidade subliminar: algumas cenas mostram como o produto é integrado ao estilo de vida das personagens, sem parecer forçado.
- Empreendedorismo feminino: apesar da vilania de Lola, a novela também mostra outras mulheres empreendendo com ética e criatividade no setor da beleza.
- Marketing de propósito: no desfecho (sem spoilers), o reposicionamento das marcas e personagens foca mais em saúde, bem-estar e autoestima real.
Veja: A estratégia de marketing da globo com personagens nas redes sociais
Conclusão
Beleza Fatal é uma novela que transcende o entretenimento ao dialogar diretamente com o cenário atual do marketing digital. A personagem Júlia representa o profissional de marketing moderno: multifacetado, questionador, estratégico e em constante conflito entre a ética e a performance. A crítica à estética idealizada e à manipulação da imagem abre espaço para reflexões profundas sobre o que consumimos — e como somos consumidos — nesse mundo em que tudo é marca, inclusive a nossa própria identidade.
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