A TV Globo voltou a surpreender ao integrar ficção e realidade em uma estratégia ousada e inovadora: criar perfis reais de personagens fictícios no Instagram. A tática, que já havia feito sucesso com Vivi Guedes em A Dona do Pedaço (2019), retorna com força total no remake da novela “Vale Tudo”, trazendo a personagem Maria de Fátima, vivida por Bella Campos, para o universo digital — como uma influenciadora real.

Essa movimentação, além de gerar buzz nas redes sociais, mostra como a Globo está apostando no poder do marketing transmídia e da cocriação de narrativas com o público. Vamos entender por que isso é tão estratégico — e o que profissionais de marketing podem aprender com essa jogada.


O que é o marketing transmídia?

Antes de tudo, vale relembrar o conceito: marketing transmídia é a prática de contar uma história por meio de múltiplas plataformas, onde cada canal contribui com uma parte única da narrativa. Não se trata apenas de “repostar” o que acontece na TV — mas sim de expandir o universo da obra.

Quando a personagem Maria de Fátima aparece no Instagram, postando selfies, fazendo parcerias com marcas ou comentando acontecimentos da novela, ela deixa de ser apenas uma figura na tela e se torna uma presença viva nas redes, capaz de influenciar, engajar e conversar diretamente com o público.


O perfil de Maria de Fátima no Instagram

Com o nome de usuário @mariadefatima.real (nome fictício), o perfil é alimentado com conteúdos que se alinham ao comportamento da personagem: ambiciosa, determinada, vaidosa e focada em crescer na vida — inclusive como influenciadora.

As publicações incluem:

  • Fotos com filtros e legendas típicas de criadoras de conteúdo
  • Frases de efeito como “nasci para brilhar”
  • Comentários que ampliam o universo da novela
  • Interações com marcas e hashtags reais

Esse tipo de conteúdo ajuda a manter o público conectado à novela fora do horário de exibição, além de atrair novos olhares — especialmente de uma audiência mais jovem, digital e atenta a tendências.


O que essa estratégia entrega?

1. Engajamento ampliado
A novela não termina na TV. O público acompanha, comenta, compartilha e reage aos conteúdos do personagem, gerando tráfego orgânico e aumentando o tempo de permanência da marca Globo no dia a dia das pessoas.

2. Crossmedia com potencial comercial
A personagem pode, inclusive, fechar parcerias comerciais reais — como foi o caso de Vivi Guedes, que apareceu promovendo marcas de moda, beleza e até tecnologia na época.

3. Fortalecimento da narrativa
O Instagram passa a ser uma ferramenta de construção de personagem, enriquecendo a história. Ao ver Maria de Fátima como “influencer”, o público entende mais profundamente suas motivações e estilo de vida.

4. Buzz e mídia espontânea
Assim que o perfil foi ao ar, portais de entretenimento, colunistas e usuários começaram a comentar. Resultado: exposição gratuita e orgânica nas redes e na imprensa.


Oportunidade para o mercado e criadores

A estratégia da Globo mostra um caminho interessante para marcas e criadores de conteúdo: a humanização por meio de storytelling. Quando uma personagem fictícia se torna uma pessoa “real” nas redes, ela ativa emoções, identificação e desejo de acompanhar a jornada.

Se você trabalha com marketing, essa é uma oportunidade de:

  • Pensar em como aplicar storytelling transmídia à sua marca
  • Criar personagens ou personas que vão além do branding tradicional
  • Envolver seu público em universos imersivos e interativos
  • Criar conteúdo que pareça orgânico, mas carregue estratégia por trás

O que podemos aprender com a Globo?

  • Ficção é uma poderosa ferramenta de influência.
  • O público quer interatividade, não só consumo passivo.
  • Personagens (reais ou criados) podem se tornar marcas.
  • Estratégias bem feitas geram mídia espontânea valiosa.

Conclusão

Ao trazer Maria de Fátima para o Instagram, a Globo mostra como as barreiras entre realidade e ficção estão cada vez mais tênues — e que essa fusão pode ser extremamente eficaz para criar engajamento, relevância e conversas orgânicas.

Para quem trabalha com conteúdo, branding ou influência digital, essa é uma verdadeira aula de como contar histórias que ultrapassam a tela e se conectam com as pessoas no mundo real.

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